Relatos de viagens ciclísticas.

quarta-feira, abril 02, 2008

Dia 15 de janeiro - Santiago -> São Paulo -> Ribeirão Preto

A última imagem de Santiago. Da sala de embarque do aeroporto, a cordilheira no horizonte

A minha grande preocupação agora era com o free shop. Já tinha até reservado um dinheiro pra isso. Quando cheguei no caixa, a moça disse que não aceitava o meu cartão Visa TravelMoney. Mas aceitam o corporativo do governo. Enfim, sorte minha que eu tinha uns dólares ainda, em espécie. Tive que reduzir as compras, mas levei uns chocolates e bebidas.
Meus pais foram me buscar lá, porque eu estava com muitas coisas pra carregar sozinho, o que não seria legal na rodoviária, pois não tem carrinhos pra auxiliar, como no aeroporto.
Mais 4 horas até Ribeirão Preto. No meio da viagem liguei para a minha namorada, avisar que estava tudo bem e que eu estava a caminho. Paramos para almoçar, meu celular tocou. Uma mulher disse que era da TIM e precisava confirmar meus dados e, começou a pedir os dados. Achei muito estranho e desliguei. Para minha surpresa, meu celular foi bloqueado. Porque eu usei ele no exterior, foi bloqueado ao voltar. Bom isso, né? Se você usa o celular, eles bloqueiam! Não pode usar!
Bom, só sei que isso deu um rolo, tive que ligar no atendimento, ir na loja, esperar quase uma semana pra voltar ao normal, passar meus dados novamente... O cliente sempre se ferra! (Mas a cobrança vem religiosamente correta no dia! Inclusive é a única coisa que funciona em qualquer empresa e prestadora de serviço).
Deixando isso de lado, chegamos em casa, guardei tudo, separei as roupas sujas, as lembranças, os livros, as bebidas, os chocolates... E agora vem outra fase, a divulgação. Aparentemente o blog já está feito. Talvez eu acrescente mais alguns detalhes e fotos, mas o diário principal está aqui. O documentário ainda está em andamento. Não tive muito tempo para me dedicar a isso ainda, mas em breve estará disponível aqui também.

Dia 14 de janeiro - San Fernando -> Santiago

Já é o último dia no Chile. Amanhã embarco às 7h25 da manhã. Tanto que vou ficar direto no aeroporto. Fiz isso também quando fui pra França, esperei no aeroporto de Amsterdã, que foi por onde voltei.
E, de volta ao Chile, levantei como era de se esperar às 8h00. Tomei café e fui em busca de dólares em espécie para pagar o hotel, já que o mesmo não aceitava cartão. Como estava difícil achar, saquei em pesos com o cartão TravelMoney, bem funcional isso. O cartão tem dólares e é possível sacar na moeda local.
Na pacata San Fernando

Depois do check-out deixei a bike no hotel ainda, pra poder andar um pouco pela cidade com mais tranqüilidade. Almocei um hambúrguer com uma espécie de vagem típica do país. Fica pseudo-light. Fui ao centro de chamadas, que tem internet também, me comuniquei com as pessoas, família e namorada.
O sol sempre muito escaldante e as sombras nas praças muito acolhedoras. Passei numa lojinha de livros. Encontrei na vitrine alguns do Paulo Coelho e escritores chilenos e de língua espanhola. Comprei um do Gabriel García Marques, Crônica de uma morte anunciada. E, como não poderia deixar de ser, um de Pablo Neruda, Confesso que vivi. Uma autobiografia. Algum dia espero conseguir ler inteiro.
Lá pelas 16h fui comer um congrio com vinho sauvignon blanc, com arroz e batatas fritas. Pão com manteiga pra ir se distraindo antes do prato principal. E tudo saiu por 7000, bom preço. Nos livros gastei 10000, 5000 em cada. Algo em torno de 20 reais. No Brasil o livro de Neruda sai por, no mínimo, 50 reais.
Vitrine da livraria onde comprei livros em espanhol

Depois de já ter comprado livros e ter feito uma ótima refeição, fui em busca de algum livro sobre a culinária chilena. Em San Fernando não encontrei nada.
Resolvi ir pra Santiago, aeroporto. Na estação cheguei às 18h10, o trem saía às 18h20. Deu tempo para comprar a passagem, guardar a bike e embarcar. Eu já estou prático com esse esquema de monta e desmonta. E a habilidade em guardar uma garrafa de vinho Gris e outra de Pisco que soquei na mala.
O hamburguer com "vagem"

O relógio da estação do metrotrem de Santiago marcava 20h30. Peguei um taxi até o aeroporto por 10000 pesos, o único problema foi colocar a bike no banco traseiro, mas com a delicadeza de alguns empurrões deu certo.
Em meia hora eu já estava no aeroporto. Agora eu tinha tempo suficiente para organizar tudo, dividir os pesos, comer novamente e esperar.
Novamente fui em busca do livro de receitas chilenas. Na banca não tinha, mas o atendente, falando rápido demais e eu quase não entendi, falou que iria ver no estoque. E tinha! Paguei 15000 pesos nele, mas é muito bom, com ótimas fotos e histórico da culinária.
Fiquei esperando, ouvindo musica, tomei café, muito café, vendo os livros, o movimento, o tempo... Apenas troquei a camiseta, escovei os dentes e fui até o check-in. Paguei a taxa para levar a bike e às 5h40 eu estava na sala de embarque.
O avião não atrasou muito. Agora só pensava no meu quarto, num banho, nas histórias pra contar e em fazer um Pisco Sour.

Dia 13 de janeiro - Rancágua -> San Fernando

Hoje sim, levantei às 8h00. Não dormi muito bem porque a cama não era boa, o quarto como um todo, na verdade, não era bom. Mas é a vida. Tomei café, onde na mesa ao lado tinham umas moças americanas, falando sobre as coisas que iriam visitar no dia. Domingo, mais vazio do que ontem. Como não tinha nada pra fazer, fui até a estação pra fazer as coisas com calma, esperar tranquilamente.
Nesse tempo de espera, pensei em ligar para o hotel em San Fernando para fazer a reserva, mas não dava certo o cartão, tentei com moeda, também não deu. Perdi tempo e 100 pesos tentando ligar, espero que não perca a viagem também.
Dessa vez a bike dormiu no meu quarto

O metrotrem chegou às 11h15, ele ficou uns 3 minutos parado e seguiu em frente. Em menos de 1 hora estava lá, pois como é um metro intermunicipal, vai parando em várias estações.
Com o mapa da cidade em mãos, foi fácil chegar até o hotel. Na verdade onde ficava o hotel, porque está fechado para reformas. Ainda bem que na cidade tem mais 3 hotéis, e ficam bem próximos um do outro. O nome desse é Espanhol, um pouco diferente, mas bem melhor do que o de ontem. San Fernando não é uma cidade muito turística, por isso foi fácil achar um quarto no hotel.
Direto da fonte

Deixei as coisas no hotel e pedalei cerca de 21km até a Hacienda Los Lingues, mas dessa vez, antes de ir, comi carne com fritas e ovo frito!
Chegando lá, vi que realmente era um lugar muito antigo e sofisticado, coisa para estrangeiro (não brasileiro, em sua maioria), tanto é que a recepcionista nem me recepcionou muito bem. Para alguém que chega sem avisar, suado, sem bagagem e de bicicleta. Tirei umas fotos dessa fazenda que é uma das mais antigas e bem preservadas do país. Presente do rei Filipe 3º ao primeiro prefeito de Santiago em 1599. Até hoje pertence a mesma família, gerida por don Germán Claro-Lira. O preço do passeio e hospedagem são bem altos, mas pra quem gosta de cavalos puro-sangue Acuelos, vale a pena, pois são considerados os melhores da América do Sul. Os prêmios nas paredes não deixam mentir.
Os puro-sangue Acuelos

Como fui totalmente ignorado, voltei os 21km até San Fernando e sentei num bar e pedi um chopp. Desceu maravilhosamente bem depois de pedalar mais 21km.
Tomei banho e saí pra jantar. No meio do caminho encontrei um centro de chamadas, pude ligar pras pessoas novamente a um custo mais baixo.
Dessa vez comi uma pizza com Coca-Cola, no mesmo lugar onde almocei e bebi o chopp. Acho que era um dos poucos restaurantes abertos decentes na cidade.

terça-feira, abril 01, 2008

Dia 12 de janeiro - Santiago -> Rancágua

Como ontem acabei ficando cansado, estufado de tanto comer e não querendo fazer muita coisa, fui dormir cedo e, por conseguinte, acordei cedo. Antes das tradicionais 8h00 eu já estava de pé.
No jantar da noite anterior degustei uma lasanha com um molho apimentado, muito bom. Pisco Sour, só pra variar. Água de chave, ou seja, da torneira e meia garrafa de vinho tinto.
Foi bom eu ter levantado cedo, assim tive tempo suficiente para guardar 3 taças de vinho na mochila, embrulhadas em muito papel (jornal) e plástico bolha.
O café era servido só às 8h mesmo, desci, comi, vi mais umas coisas na internet, mandei e-mails e era preciso seguir viagem.
Depois de 25km, cheguei na Anakena

Com tudo na bicicleta pedalei até o terminal Alameda. Chegando lá, me arrependi de não ter comprado a passagem ontem, estava muito lotado, ao contrário das ruas extremamente vazias. Como a bicicleta estava na mala-bike, deixei-a num canto onde eu poderia ver e fiquei na fila pra comprar a passagem. Foi bem em cima da hora, comprei pra um ônibus que saía em menos de 5 minutos. E como eu já vi antes, eles são pontuais e era preciso andar um bom trecho até o embarque, com todas as bagagens.
Esse tempo extremo foi por que fiquei numa fila onde estava escrito Todos Os Destinos, mas não tinha pra Rancágua, me informaram errado, eu tinha perguntado se era naquela fila mesmo, mas não era. Fui pra outra fila e aí deu certo. Cheguei na fila às 9h37, comprei a passagem às 9h55, embarquei às 10h00, logo depois o ônibus saiu.
Como eu havia colocado as coisas na bike, pedalado, guardado a bike na mala-bike, corre pra um lado, corre pro outro, corre pro ônibus, eu estava um pouco suado. Mas logo me refresquei no ar-condicionado e bebi bastante água na CamelBak.
Durante o trajeto, apesar de ter placas indicando que não se pode andar de bicicleta, vi alguns cicloturistas. O problema é o sol e a camada de ozônio mais fina.
Em Rancágua fiquei no hotel España (mesmo nome do hotel de Santiago, porém não é de nenhuma rede e era pior). Deixei as coisas no quarto e pedalei 25km pela rodovia norte-sul, até o vinhedo de Anakena. Um lindo lugar aos pés da cordilheira dos Andes.
A cordilheira dos Andes ao fundo deixa tudo mais especial

Eu havia agendado uma visita para às 17h, pois não sabia o quanto iria demorar. Acabei chegando às 15h. É, bem rápido. Falei com o porteiro e ele me mandou esperar num mirante. Inclusive era perfeito, pois via-se tudo mesmo. Devo ter ficado lá mais de uma hora esperando por alguém. Nesse meio tempo fui ao banheiro, comi, tirei foto, vi o mapa, fiz de tudo. Eis que surge Mariela, minha guia particular, pois só estava eu lá.
Descansando e esperando a Mariela, no mirante da Anakena

Ela mostrou novamente o processo de produção, armazenamento e toda essa coisa e fomos para a lojinha, onde ocorreu a melhor parte, a degustação!
A Anakena tem 4 linhas de vinhos e uma de sobremesa. Provei todos. Mesmo o mais barato estava ótimo. Comprei só uma camiseta e voltei os 25km depois de ter degustado os vinhos e sob o sol escaldante.
Sempre a melhor parte

Tomei um belo de um banho, pois é em situações como essas que vemos o real valor de um banho. E como a fome era enorme, proporcionalmente ao tamanho da pedalada, fui comer. Sábado em cidade pequena não é muito legal, mas encontrei um shopping Center onde tinha uma boa praça de alimentação. Comi no KFC (com a foto do Coronel Sanders), o bom é que vendem cerveja. Dei mais uma volta pela cidade, que apesar disso, era muito linda, ao ver no horizonte a cordilheira.
De acordo com a recepcionista do hotel, é possível ir até San Fernando (meu próximo destino) de trem. Fui me informar melhor sobre isso, como era pra levar a bike e tal. 500 pesos, cerca de 2 reais, era o preço dessa viagem, que tem cerca de 50km de distância.
Eu poderia ir pedalando, mas não sei se daria tempo pra fazer tudo o que quero, e o tempo está chegando ao fim.

Dia 11 de janeiro - Santiago (Concha Y Toro)

Pra variar, levantei às 8h00. Tomei café e saí pra pegar o metro. Segui na linha 4 até a última estação. Lá peguei um táxi por 3000 pesos até a vinícola. Dessa vez não tinha ônibus o alguém pra me dar uma carona. Como eu não conhecia o caminho, não quis arriscar indo a pé.
Uma espécie de shopping center no centro de Santiago

O tour pela Concha Y Toro foi bem diferente, porque eles já tem um esquema mais profissional. Além do tour, gastei na loja deles, comprei 2 camisetas, um boné e um kit sommelier.

Degustando Concha Y Toro na fonte

O céu estava muito azul e o calor de matar, claro. Afastando um pouco do centro de Santiago já temos essa percepção de como lá é poluído mesmo, que nem ao menos vemos a cordilheira, coisa que mais na periferia é mais fácil de se observar.

A lenda do Casillero Del Diablo revelada: ele existe!

Minha vontade era comprar várias garrafas de vinho, muito barato no Chile. Mas eu não teria como carregar tudo isso, e não estava a fim de beber tudo também. Não de uma vez. O que me deixa feliz é o fato de que esses vinhos estão à venda no Brasil, mais caro, mas tem.

Além de muito bom, a uva é linda

Dessa vez encontrei vários brasileiros de várias partes do país, Rio, Campinas etc. Quando eu estava saindo, fui pedir uma carona até a estação do metro, para o casal de Campinas (Leonardo e Renata), assim eu não iria precisar pegar táxi. Começamos a conversar e eles disseram que iriam ao centro, no hotel España, que por sinal era o mesmo que o meu. Então tive uma carona até a porta do hotel.

Fui almoçar no restaurante na esquina da rua do hotel. O casal falou que era bom, e era. Comi muito, preço bom.

Renata e Leonardo, o casal de Campinas que me deu carona

Depois de mais uma orgia gastronômica, fui andar um pouco pela cidade, comprei mais uns regalos (lembrancinhas).

Fiz umas pesquisas na internet, falei com as pessoas, dessa vez no centro de chamadas, que cobram cerca de 150 pesos por minuto, o que dá menos de 1 real por minuto. Se eu fosse ligar do celular, custaria US$3,5 por minuto, umas 6 ou 7 vezes mais caro.